domingo, 3 de maio de 2009

Sociologia da Literatura e Crítica da Cultura

Na leitura de Ernst Bloch observamos que a análise da contradição contemporânea do século XX põe em relevo a aspiração ao homem completo como a forma de "alguma coisa que falta" e que se descobre na esperança histórico-filosófica. Sobressai igualmente a pesquisa do "concretamente utópico" constatado nas superestruturas da intensa modernização e acelerado crescimento industrial dos anos vinte na Alemanha.



Essas linhas aportam luzes não só para a sociologia da literatura, mas, particularmente, favorece a compreensão do romance como forma literária específica do mundo moderno, notadamente em relação à produção de avant-garde.

Como se sabe, o romance corresponde ao desenvolvimento da sociedade burguesa e do mundo capitalista na medida em que põe em obra a "história de uma busca", uma aspiração implicando uma biografia individual. Por sua vez, o imenso progresso da forma romanesca no século XIX constitui um indicativo seguro do fenômeno superestrutural da reificação, notado inclusive no plano da composição, onde a biografia individual nutrida de aspiração enseja a forma romanesca exatamente não só porque deve necessariamente decepcionar, mas porque segrega as razões de sua degradação em crônica social.

A forma romanesca tem sua vertente no romantismo do século XVIII-XIX. Sociólogos notáveis como Lucien Goldmann recorrem à classificação histórico-literária de Goethe para situar em termos ideais o marco do avanço da forma romanesca no fim de um idealizado "período poético", onde o criador se sentia ainda em acordo com a sociedade, onde a arte e a literatura passavam por ser uma criação natural – concepção esta atribuída a Frederico Schiller, igualmente defensor da chamada "poesia histórica".

Vale dizer, a forma romanesca nos escritores como Balzac, Stendhal, Flaubert, Zola, Malraux, Thomas Mann, Pasternak, etc., estes já no século XX, os permitiu colocar em obra ao mesmo tempo o problema da busca do humano em um mundo que lhe é contrário e descrever a essência deste mundo inóspito .

A compreensão sociológica do romance em nível de superestruturas assenta-se em dois campos de pesquisa, seguintes: (a) – pesquisar o romance como o único gênero literário no qual a ética do romancista torna-se um problema estético da obra; (b) – pesquisar a relação entre a forma romanesca ela mesma e a estrutura social na ambiência da qual se desenvolveu, isto é, as correlações do gênero romance com a sociedade individualista moderna (Cf. Goldmann, Lucien: "Recherches Dialectiques", "Sociologie du Roman").

Nesta postagem relacionamos os enlaces de sociologia da literatura com os artigos que elaboramos.

Links de sociologia da literatura

=Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

Sociologia da Literatura – I: Leitura de Proust: Uma Abordagem Inspirada por Samuel Beckett.

http://jl-praxis.blogspot.com/2008/02/sociologia-da-literatura-i-leitura-de.html

***

=Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

A UTOPIA NEGATIVA NA SOCIOLOGIA DA LITERATURA: ARTIGOS EM TORNO DE MARCEL PROUST REDIGIDOS EM PORTUGUÊS.

http://jl-praxis.blogspot.com/2008/02/utopia-negativa-na-sociologia-da.html

***

=mardi 26 février 2008

PSICOLOGIA E FANTASIA NA SOCIOLOGIA DA LITERATURA

http://jl-cogitatio.blogspot.com/2008/02/psicologia-e-fantasia-na-sociologia-da.html

***

=mardi 4 mars 2008

PARA COMPREENDER A CRÍTICA DA CULTURA

http://jl-cogitatio.blogspot.com/2008/03/para-compreender-crtica-da-cultura.html

***

=vendredi 7 mars 2008

Servirá Camus para o estudo do suicídio? Notas sobre a análise crítica de Nathalie Sarraute.

http://jl-cogitatio.blogspot.com/2008/03/servir-camus-para-o-estudo-do-suicdio.html

***

=vendredi 7 mars 2008

PERSPECTIVA HIERÁRQUICA E INDIVIDUAÇÃO: Linhas mínimas sobre Kafka, Proust e a psicanálise na Crítica da Cultura de Theodor W. Adorno.

http://jl-cogitatio.blogspot.com/2008/03/perspectiva-hierrquica-e-individuao.html

***


=Novembro 9 de 2008

LITERATURA E POLÍTICA NO SÉCULO VINTE: a aspiração aos valores como afirmação do caráter político na Leitura sociológica da obra literária de James Joyce.

http://leiturasociologica.wordpress.com/literatura-e-politica-no-seculo-vinte-a-aspiracao-aos-valores-como-afirmacao-do-carater-politico-na-leitura-sociologica-da-obra-literaria-de-james-joyce/#comments

***

=Dezembro 12, 2008 at 11:51 am

Literatura e Política – II: o tabu de um rei (Linhas mínimas sobre Kafka, Proust e o freudismo na Crítica da Cultura burguesa).

http://leiturasociologica.wordpress.com/2008/12/12/literatura-e-politica-%E2%80%93-ii-o-tabu-de-um-rei-linhas-minimas-sobre-kafka-proust-e-o-freudismo-na-critica-da-cultura-burguesa/

***

=Domingo, 11 de Maio de 2008

LITERATURA, SOCIOLOGIA E POLÍTICA: sobre a imagem da Odisséia.

http://sociologia-jl.blogspot.com/2008/05/literatura-sociologia-e-poltica-sobre.html

***

=Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2009

A Crítica Social

http://sociologia-jl.blogspot.com/2009/01/crtica-social.html

***

=lunes 12 de mayo de 2008

A CONCEPÇÃO DA OBRA LITERÁRIA EM JOYCE E A IMAGEM DA ODISSÉIA.

http://xilibris.blogspot.com/2008/05/concepo-da-obra-literria-em-joyce-e.html

***

=Quarta-feira, 28 de Maio de 2008

SOCIOLOGIA, LITERATURA E FANTASIA: Os critérios do fato literário e as condições de uma sociologia da literatura.

http://sociologia-jl.blogspot.com/2008_05_01_archive.html


***


=Setembro 03 de 2008

A SOCIOLOGIA DA LITERATURA NAS RELAÇÕES HUMANAS: Comentários em torno ao problema da apreensão do desejado.

http://leiturasociologica.wordpress.com/a-sociologia-da-literatura-nas-relacoes-humanas/

***

=20 de Abril de 2007

SOBRE O VALOR FICTÍCIO DA MEMÓRIA INVOLUNTÁRIA EM PROUST E O PROBLEMA DO INSTITNTO DO EU

http://sociologia-jl.blogspot.com/2007/04/view-blog-top-tags.html



Nenhum comentário:

BLOGOSFERA PROGRESSISTA

Arquivo do blog

Seguidores

JACOB (J.) LUMIER NA O.E.I.

Partilhar


Share/Save/Bookmark Support CC Add to Google Add to Technorati Favorites Technorati Profile Compartilhar Delicious Bookmark this on Delicious
Central Blogs

Liga dos Direitos do Homem

Greenpeace

Greenpeace
L'ONG non violente, indépendante et internationale de protection de l'environnement