segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nota sobre a mídia e as atuais insurgências coletivas



Ao classificar as mobilizações coletivas que estão fazendo avançar a democracia como acontecimentos do chamado "mundo árabe", a imprensa e a TV passam ao cidadão que não fala língua árabe a impressão de que nada tem a ver com tais acontecimentos, e que aquelas mobilizações são longínquas, interessando somente aos mandatários das grandes potências, empurrados a reverem suas relações com antigos aliados políticos ora desacreditados.

Mas a coisa não é bem assim.

Basta uma olhadela nos mapas para compreender que as mobilizações coletivas acontecem bem mais próximas do "mundo ocidental" do que gostariam as grandes mídias. Afinal, a outra ponta do mediterrâneo não é o além-mar em que estava a outra ponta do atlântico nos tempos de colonização. O sul e o leste do mediterrâneo, onde ocorrem as insurgências, estão bem alí, e não só as populações do chamado "mundo árabe" podem engrossar as filas da imigração, mas as fortes aspirações coletivas podem se projetar para além da oligarquização das democracias ocidentais.

Em Tunísia como no Egito a revolução derrubou regimes ditatoriais e corrompidos. Na Argèlia, lá ainda no Próximo e Médio Oriente a revolta se faz ressoar, às vezes gravemente reprimida como na Lybia.

Por todos os lados se exprime a mesma exigência pela liberdade, pela democracia, por dignidade e justiça social.

Daí a saudação que se faz ao engajamento, coragem e determinação desses homens e dessas mulheres em tais acontecimentos empurrados pela juventude. Eles aportam aos povos do mundo inteiro uma boa notícia: a conquista das liberdades e da democracia estão novamente na ordem do dia !

Mas não é tudo. Aquelas mobilizações coletivas cujas imagens se assistem na TV fazem desmentir não só quem proclama o fim da história e do ciclo das revoluções. Desmente também as elocubrações sobre a incapacidade política das populações do Maghreb e do Oriente em poderem se liberar. Notadamente, fazem desmentir quem ainda acredita que o porvir do mundo pudera ser escrito unicamente em Europa e nos Estados Unidos.

O que se decide hoje ao sul e ao leste do mediterrâneo pode ser comparado em intensidade à derrubada do Muro de Berlim, às mobilizações das juventudes dos anos 1960, à descolonização, e, com certeza, tem sua fonte na Revolução Francesa e nas insurgências proletárias de 1848.

Me associo aqui, com esta mensagem, às pessoas conscientes que conclamam aos líderes internacionais e nacionais que não limitem esforços no sentido de que as revoluções em curso não sejam confiscadas pelas forças reacionárias, sejam religiosas, militares, sociais ou políticas..

Veja online: Ligue des Droits de l’Homme (sectionde Tulon) divulga convocação para um ato em Solidariedade aos povos em luta [Appel à rassemblement "Solidarité avec les peuples en lutte"]

Veja também: Chronique d'une eurodéputée N°10 - Solidarité por Marie-Christine Vergiat


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