sábado, 10 de maio de 2008

Negritude e Iluminismo: Leopold Sédar Senghor


O escritor Léopold Sédar Senghor cujo centenário de nascimento foi celebrado no ano de 2006 em escala internacional foi inspirador do movimento da negritude a que se dedicou exaltar juntamente com os valores do humanismo. Era um herdeiro africano do Iluminismo convencido de que a civilização do universal era tanto um projeto político quanto cultural.

Léopold Sédar Senghor sustentou que a Francofonia é um modo de pensar e de ação, certa maneira de formular os problemas e buscar-lhes a solução. Lembrando a imagem da Diáspora, ensinava que a Francofonia é uma comunidade pensante em torno da terra, uma "noosphère”. Para além da língua, a Francofonia é o espírito da civilização francesa a que chamou “la Francité”.

Senghor recebeu em vida muitos prêmios literários, além dos que obteve como político e estadista. Esteve no Brasil em 1964, onde recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). É considerado um dos fundadores da Francofonia moderna .

Dentre suas obras, além da constante busca por uma via africana para o socialismo, encontramos em Ethiopiques (poésie, Ed. du Seuil, Paris, 1956) um titulo particularmente interessante e revelador da visão de negritude afirmada por Léopold Senghor.

Acima de qualquer particularidade regional, de regime ou de país, sabemos que o gênio helênico da antiguidade clássica imortalizou na Odisséia a presença histórica muito antiga dos povos negros na origem do Ocidente através dos Etíopes.

Logo no início do relato épico, os Etíopes estão contemplados entre os preferidos dos Deuses. Visitados pelo próprio irmão de Zeus, Poseidon que os menciona expressamente. Aliás, foi essa ausência de Poseidon afastando-se do Olimpo para estar com os Etíopes que deu ensejo à intervenção de Atenéa promovendo a libertação de Odisseo e levando a epopéia até o fim. Portanto, a presença dos Etíopes na poética do gênio ocidental não é pouca coisa, não é simples menção “en passant”, mas compõe o destino épico.

A relação do negro com a cultura existe primordialmente através do texto histórico e da escrita inteligente. Portanto, nos resta esperar que exemplos como Martin Luther King, Jr. e Leopold Sedar Senghor sirvam para valorizar os projetos engajados na elevação intelectual ultrapassando toda a imagem populista que despreza a leitura.

La Francophonie est "un mode de pensée et d'action : une certaine manière de poser les problèmes et d'en chercher les solutions. Encore une fois, c'est une communauté spirituelle : une "noosphère" autour de la terre. Bref, la Francophonie, c'est, par-delà la langue, la civilisation française; plus précisément, l'esprit de cette civilisation, c'est-à-dire la Culture française, que j'appellerai "la francité".

Léopold-Sédar Senghor (09.10.1906 - 20.12.2001)

Fonte: Leituras do Século XX

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Há um filme intitulado Leopold Sedar Senghor no website da Cinefrance.

De Béatrice Soulé. PB. Duração 48’.

(França, 1996).

Leopold Sédar Senghor, homem político, farol da África, decidiu retirar-se em plena notorioridade. Béatrice Soulé quis magnificar esse cantor da negritude e da francofonia e confia à um jovem rapper a letra de Senghor, em que o natural e a vitalidade iluminam um passeio de imagens nos lugares da memória africana. Esse filme tem a forma de um longo poema ritmado pelas evocações sonoras.

http://www.cinefrance.com.br/cinemateca/documentarios/titulos/?filme=672

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NOTA COMPLEMENTAR:

"noosphère” - Terme proposé par Teilhard de Chardin en 1925. Formé du grec nòos : intelligence, esprit, et de sphère.

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