Nossa imprensa mais uma vez exibe o seu potencial de simplificação e generalizações, sempre de olhos em comparações. Em primeiro lugar é preciso ter em conta que a imprensa americana é muito diversificada, há veículos liberais e progressistas, há reacionários agressivos e há conservadores equilibrados. Portanto, se a Casa Branca reage à histeria de um canal de extrema direita está no seu legítimo direito. Ruim seria se o presidente americano investisse contra a mídia em geral como tem acontecido com muita freqüência no Hemisfério Sul.
O que está acontecendo neste momento na mídia brasileira no tocante a Obama é uma reação concatenada contra certas opções políticas adotadas pelo governo americano que o lobby brasileiro considera "esquerdistas". Exemplo: as "intervenções brancas" na indústria automobilística e bancária e o novo sistema de saúde pública, ambos fortemente estatizantes.
Guerra Fria
Mas qual seria a opção da grande mídia brasileira – deixar que os bancos e as montadoras de Detroit falissem? Quem teria condições de reverter o caos dos serviços médicos americanos – os planos de saúde privados?
É evidente que a Casa Branca não está minimamente interessada na reversão das posições da mídia brasileira que trocou rapidamente o entusiasmo anterior por um ceticismo militante contra Obama. Esta reversão, porém, interessa a nós, leitores, ouvintes, internautas e telespectadores brasileiros, condicionados por critérios originários no mundo de ontem.
O principal aporte do presidente americano é a sua disposição de abandonar os parâmetros da Guerra Fria que vigem há 64 anos, desde 1945. Nossa mídia ainda aposta neles: além de conservadora, está muito atrasada.
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