quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O Fórum Social Mundial – WSF2008 – e a Internet.







O Fórum Social Mundial – WSF2008 – e a Internet.

A primeira tarefa de quem deseja que exista comunicação e informação é escutar as pessoas. Nisto reside a primeira diferença fundamental com o sistema informativo comercial. Nesse não se trata de escutar, mas de se fazer escutar pelas pessoas. É um sistema vertical, no qual os que transmitem, pouco importa se pela imprensa escrita ou por meios eletrônicos, buscam que os cidadãos escutem e aceitem o que é transmitido.

Hoje chegamos a uma situação sem precedentes, em que o leitor é um mercado. Busca-se que ele escute, não que enxergue. A tarefa dos que estão neste trabalho e participam do caminho do FSM, pelo contrário, é escutar o que venha da infinidade de manifestações ao redor da Terra e saibam fazer de seus conteúdos e chamados as contribuições a nosso debate e a nossas buscas. É por isso que o tema da comunicação é um tema vital para o crescimento e força do movimento.

O formato descentralizado do FSM transportou a edição 2008 para o território da comunicação, embora sem as grandes tecnologias para transmissões simultâneas ou recursos para montar escritórios de imprensa nos continentes. E ao mesmo tempo existe um trabalho mundial de comunicação sendo feito, capaz de articular entrevistas coletivas simultâneas.

Em que se baseia essa comunicação?


As novas tecnologias de comunicação têm uma natureza contraditória. Mesmo que graças a elas se tenham criado corporações milionárias, e homens de riquezas sem precedentes, como Bill Gates, o êxito comercial dessas empresas se baseia no acesso e, portanto, na participação de um número sempre maior de pessoas.

É emblemática a diferença entre Bill Gates e Rupert Murdoch. As novas tecnologias permitem criar alianças que a informação nunca sonhou em estimular.

Não é por acaso que em Beijing, na Conferência Mundial da Mulher, os governos perderam o controle frente à plataforma das mulheres reunidas em alianças e organizações não-governamentais. Isto aconteceu porque centenas de organizações de mulheres, intercambiando entre si, chegaram a Beijing muito mais preparadas que as delegações governamentais.

O acesso [à rede Internet] aumentou, mesmo que continue desbalanceado entre o Norte e o Sul e por renda econômica. Isto permitiu que o primeiro Fórum Social Mundial visse chegar, não as 20 mil pessoas esperadas na hipótese mais otimista, e sim mais de 70 mil participantes. A grande diferença deveu-se à Internet, com a qual se conseguiu que, em poucos meses, milhares de pessoas soubessem da convocatória de Porto Alegre e, sempre graças à Internet, começaram seu processo de participação.

Sem internet, a mobilização deste ano seria um desastre. Teríamos atividades apenas nos países em que há gente do Conselho Internacional do FSM. No entanto, existem atividades onde sequer há cidadãos que tenham participado de alguma edição. São pessoas que se somaram ao movimento pela Internet, que se sentem parte do processo do FSM.

O desafio de nossa comunicação é poder recolher todo este grande pulmão de um novo renascimento mundial. Para isso, a existência de um mecanismo de intercâmbio, como a Ciranda, de trabalho informativo para a base, como Amarc, ou de criaçao e distribuição de notícias, como Inter Press Service, e níveis regionais como Alai, foram estimulados pelo caminho de participação que o FSM significa.

Existem centenas de publicações, associações, rádios e TVs, assim como milhares de jornalistas que se reconhecem no espaço ideal do FSM. É certamente um dos maiores déficits do processo não termos sabido articular e fortalecer esta realidade rica e forte do panorama informativo.

Assim, continua aberto o desafio de aumentar o intercâmbio e a comunicação entre as centenas de milhares de organizações que são a base ética e humana do processo. A comunicação até agora tem sido a gata borralheira do FSM. Basta dizer que todo o processo de informação e comunicação, de mobilização mundial, custou cerca de 100 mil dólares, algo que para Murdoch é uma cifra de cartão de crédito.
***

Fonte: Engajamento ao FSM reflete diversidade e resistência. Entrevista por Ciranda.net , publicado na Revista Fórum, link
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=1748

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